Olho com o som dos movimentos do tempo, olho com o toque e o
sentir do respirar. Observo o mundo se expandir dentro de mim e criar outro
conceito para as coisas da vida. Recrio formas de andar e os passos se divertem
com a coreografia do deslizar no espaço que parece ser uma linha estreita
imensa. Os objetos se transformam em artes para serem emoldurados e tornarem-se
áureos. Os sorrisos se misturam com as bolinhas de sabão e se pedem com um
pequeno estouro no ar. A dança dos fios lisos, leves, são os mesmos que as dos cachos.
Eles dançam ao ritmo do batuque tornando-se único. O abraço se retrai no olhar,
sentimentos são passados como raio magnético, a mensagem é levada a bateria cardíaca
que pulsa querendo sair pela boca. São palavras presas escritas pelo corpo. As
letras surgem como alma, e a pele recebe esse contato com o outro num desenho
transparente.
próximo também lembrar coelho luneta farol saudades navio
manhã moldura tamborete vindas saber pouco pele amor não motivo impulso
passagem estrelas música fotografia palavras vasto oposto discurso grão viagem
mar garrafa frenético grama arte vela movimento sorriso substituir férias
esquecimento pano liberdade chuva barulho palco contato
No movimento da água a pintura se desfaz dando cor a
passagem da correnteza. As letras somem levando o desapego restante de dentro. O olhar se perde na nuvem de pássaros azuis
que surgem do mar e giram no céu laranja-cinza, dando cor a um novo fundo.
Sinos dobram como risco. Poesias escritas ao vento indicam o caminho oposto da
linha estreita. A força o conduz com chutes pesados, a pele protegida por
pétalas brancas o lava. O olhar de dentro senti o mundo criado, a vida não tem
tempo, a vida feliz é a linha embolada na palma da mão. O resto é escrito numa
folha de papel amassada e colocado dentro de uma garrafa para o mar levar. Agora
a tela é livre para ser pintada nas cores do silêncio.
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